O cenário do preço da soja tem sido de especial atenção para os produtores rurais em 2023. O primeiro semestre foi marcado por diversas flutuações no mercado, e os valores registrados pelo indicador Esalq evidenciaram uma movimentação muito dinâmica, que tende a se manter até dezembro.
Figura 1: preços da soja, nov/2022 a out/2023.
Curva do preço da soja em 12 meses mostra queda drástica em 2023. Dados do indicador de soja da ESALQ/BM&FBOVESPA (Paranaguá). Fonte: Cepea.
Figura 2: preços da soja, 09/ago a 09/out/2023.
Oscilações intensas em 60 dias. Preço volta a atingir um dos menores patamares na 1ª semana de outubro. Dados do indicador de soja da ESALQ/BM&FBOVESPA (Paranaguá). Fonte: Cepea.
Essas oscilações podem estar relacionadas a fatores como:
- comportamento da commodity no mercado internacional;
- prêmios fortemente negativos;
- expectativas de produção;
- clima e condições das lavouras;
- tendências do mercado global.
A multifacetada natureza dos fatores que influenciaram o preço da soja ao longo de 2023 demonstra a importância de uma análise aprofundada e contínua do mercado para produtores e investidores. A antecipação e a compreensão da dinâmica do mercado agrícola para os próximos meses proporcionam uma base sólida para a tomada de decisões informadas, mitigando possíveis riscos e aproveitando oportunidades mais rentáveis.
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Preços da soja em 2023: uma retrospectiva do mercado
Apesar do aumento nos preços em agosto, houve uma queda drástica a partir de setembro, frustrando as expectativas dos produtores que ainda aguardam as melhores chances para comercializar a colheita da safra 2022/23, que atingiu um resultado recorde histórico de produção.
Essas flutuações nos preços da soja estão intimamente ligadas ao comportamento da commodity no mercado global. A comercialização em mercados futuros torna o valor da soja sujeito a influências de políticas agrícolas internacionais, relações comerciais entre países e variações na produção global.
Diferentes países têm diferentes safras ao longo do ano, e qualquer impacto na produção dos maiores produtores de soja do mundo – como Brasil, Estados Unidos e Argentina –, seja por questões climáticas ou ocorrência de pragas, por exemplo, pode influenciar o preço globalmente. O mercado internacional também se ajusta com base nos relatórios de safras dos principais produtores, que podem alterar as expectativas de oferta.
A volatilidade verificada em 2023 foi acentuada pelos prêmios negativos no mercado brasileiro, o que contribuiu diretamente para a desvalorização. Os prêmios referem-se ao valor adicional que os compradores estão dispostos a pagar acima do preço futuro da soja. Prêmios negativos indicam que os compradores estão pagando menos do que o preço de mercado, pressionando as cotações da soja para baixo.
Isso pode acontecer devido a uma variedade de razões, como uma oferta abundante – que foi uma realidade após finalizada a colheita brasileira de quase 155 milhões de toneladas –, baixa demanda de exportação, ou alterações nas tarifas e nas políticas comerciais. Um exemplo prático disso foi observado em junho de 2023, quando a queda de Chicago e os prêmios fortemente negativos contribuíram para a desvalorização da soja no Brasil.
Dessa forma, a precificação da saca de soja foi tangivelmente afetada ao longo do primeiro semestre de 2023, com um mercado fortemente influenciado pela produção de soja no Brasil e pelas expectativas da nova safra nos EUA.
Cenário para novembro e dezembro de 2023
Olhando para os últimos meses do ano, as variáveis que podem impactar os preços da saca de soja se multiplicam. As expectativas de produção tornam-se imperativas, não apenas no contexto nacional, mas também internacionalmente.
O clima, como sempre, desempenha um papel central, especialmente considerando as condições de plantio e colheita, que diretamente influenciam a oferta no mercado. Nesse cenário, variáveis climáticas extremas ou imprevistas podem, inesperadamente, propulsar novas oscilações no preço da soja.
Por ora, a colheita da safra 2023/24 nos Estados Unidos segue em boas condições, com as operações a todo vapor. No Brasil, o plantio também ocorre sob clima favorável. Essa competitividade pode manter o preço da saca de soja em baixa, tendo em vista a oferta elevada.
Dada a natureza especulativa dos mercados de commodities, tendências de mercado e expectativas também podem exercer uma pressão ascendente ou descendente sobre os preços. Notícias relacionadas a safras, produção e quaisquer alterações nas políticas agrícolas ou comerciais, podem refletir em ajustes rápidos e significantes nos preços.
Quais as expectativas para 2024?
Com a queda dos preços em 2023, muitos sojicultores estão cautelosos sobre o futuro do mercado de soja. As tendências para 2024 indicam a necessidade de monitorar de perto o cenário global, o avanço dos trabalhos de campo nos EUA e a gestão de risco no mercado futuro da soja.
Além disso, é essencial estar atento à relação entre o óleo de soja, o farelo de soja e a cotação da soja, para tomar decisões embasadas sobre qual o melhor momento para negociar e quais as condições que podem proteger o bolso do sojicultor.
As projeções para o preço da soja em 2024 são ainda muito incertas, dada a natureza volátil do mercado. O ambiente econômico global, juntamente com as práticas e políticas agrícolas adotadas pelos principais produtores de soja, como Brasil e Estados Unidos, influenciarão fortemente a configuração do mercado.
Os produtores, portanto, precisarão estar especialmente atentos a uma série de indicadores e variáveis para navegar com eficiência neste ambiente de mercado particularmente flutuante. Adotar estratégias de mitigação de risco, explorando instrumentos financeiros como contratos futuros de soja e Barter, poderá ser uma estratégia relevante para garantir alguma estabilidade e previsibilidade frente às incertezas do mercado.
Como o início da safra brasileira influencia o mercado externo?
O Brasil é o maior produtor de soja do mundo, então, tem um impacto significativo no mercado global. O andamento do plantio, a expectativa da safra de soja e o clima nas lavouras brasileiras podem influenciar diretamente os preços da commodity em 2024. Um plantio bem-sucedido e uma previsão otimista para a safra podem fortalecer o mercado brasileiro de soja, enquanto fatores adversos podem apresentar desafios.
Avanço da produção de grãos no Brasil. Fonte: Safra 2022/23 12º levantamento, Conab, 2023.
Mesmo com os preços muito baixos em 2023, os produtores conseguiram manter a saúde financeira dos seus negócios justamente por conta do alto volume de grãos de soja produzidos, o que permitiu assegurar a lucratividade. Assim, a produtividade deve continuar sendo foco para a safra 2023/24, para que a soja brasileira mantenha sua proeminência no mercado internacional.
Além de ter a quantidade como meta, o sojicultor deve levar em conta estratégias financeiras como compra antecipada de insumos, venda antecipada de parte da produção e negociação de subprodutos, a fim de reduzir custos, proteger-se contra oscilações nos preços e valorizar sua produção.
Resultados da safra 2023/24 dos EUA e os impactos nos preços
Dependendo dos resultados finais da safra 2023/24 dos EUA, pode-se esperar impactos variados nos preços da soja. Uma safra abundante pode pressionar os preços para baixo, enquanto uma safra abaixo das expectativas pode levá-los a subir.
As condições da colheita de soja em outubro de 2023 indicam certos desafios e disparidades em diferentes regiões. Especificamente, a seca e o calor têm representado ameaças significativas para as lavouras de soja, que estão enfrentando um estresse notável.
De acordo com o mapa de monitoramento de seca (US Drought Monitor) de 03 outubro de 2023, 58% das regiões produtoras estavam em condição de seca, uma porcentagem superior a da semana anterior. Essa situação favorece as operações de colheita, mas ameaça o rendimento da soja em vários Estados importantes do Meio-Oeste, de maneira que o USDA revisa para baixo as estimativas de produção do país a cada novo relatório.
Além dos EUA, a Argentina também enfrentou condições prolongadas de seca, o que pode implicar também em um cenário desafiador para as lavouras de soja na região, influenciando a oferta e os preços no mercado internacional. Aliás, o Estado do Mato Grosso superou a produção argentina em 2023, tomando para si o terceiro lugar no ranking de maiores produtores de soja do mundo.
Diante do início do plantio no Brasil e das condições climáticas que vêm sendo observadas, o USDA prevê uma produção recorde de soja para o Brasil: 163 milhões de toneladas métricas para o ano de comercialização 2023/24.
O mercado da soja em 2023 enfrentou vários desafios, com oscilações nos preços e influências externas moldando o cenário. Para os sojicultores, é crucial manter-se informado sobre as tendências globais, a produção nos EUA e os fatores que podem influenciar o preço da saca de soja. A preparação e a informação serão as chaves para navegar no mercado em 2024.
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